Amora Mautner, codiretora de ‘Avenida Brasil’, incendeia set da novela

No set da novela “Avenida Brasil”, a diretora Amora Mautner repassa o texto com os atores antes da gravação.
Em cena, Tufão (Murilo Benício) reúne-se com a família em torno da mesa de jantar. De pé, Amora elabora a sua “acústica do subúrbio”, que consiste em sobrepor falas espontâneas ao texto original.
Cria-se o tumulto, uma confusão de diálogos que foge ao padrão das novelas da Globo. A diretora incentiva a bagunça. Imita a entonação do personagem de Benício. Sugere tiradas. Ri com improvisos, os chamados “cacos”, que surgem em profusão.
A repercussão de “Avenida Brasil” pôs em evidência o trabalho de Amora Mautner, 37, responsável pelas cenas com Tufão e sua família, núcleo principal da trama de João Emanuel Carneiro.
“Meus pais são intelectuais. Já eu sempre tive um olhar voltado para a estética que acabou me aproximando da direção.”
EX-ATRIZ
Na adolescência, ela chegou a se arriscar como atriz em “Vamp” (1991), experiência que prefere esquecer. Atrás das câmeras, já soma 15 novelas, dez como diretora.
A voz rouca de Amora se impõe no estúdio. É uma mulher agitada. “Dirijo de maneira muito intensa, para o bem e para o mal. Não sou uma pessoa ‘cool’ nem tranquila. É um set que pega fogo. Acho isso bom. Ao menos, tem dado certo até agora.”
Amiga de infância, Preta Gil é uma boa referência para situar a energia de Amora. “Ela é um pouquinho mais atacada do que eu. Sou mais calma”, avalia a cantora, filha de Gilberto Gil, que comanda até bloco de carnaval.
Vaidosa, a consumista Amora evita ostentar. Tem problemas, por exemplo, com bolsas de marca. “Se compro uma Chanel, quero que venha com o símbolo aparecendo bem. Já ela, não. Quer uma que não apareça o nome da grife”, explica Preta.
Amora chega ao Projac (a central de produção das novelas globais), na zona oeste do Rio, com uma bolsa Balenciaga de couro surrado. De segunda a sexta, ela coordena a ação no estúdio de “Avenida Brasil” das 13h às 21h.
O tempo restante, dedica a Júlia, 6, sua filha com o ator e ex-marido Marcos Palmeira. Enquanto a mãe está longe de casa, os avós aproveitam. “Costumo ver a Júlia todos os dias. Com quatro anos, ela aprendeu a rimar. Lembra muito a Amora, uma explosão contínua de criatividade”, elogia Jorge Mautner.
Nos bastidores, ela imita os personagens. Identifica-se com Carminha, a vilã criada por Adriana Esteves. “Queria ser boa como o Tufão. Só que sou mais Carminha: ela tem humor, raiva, mantém o controle e, ao mesmo tempo, se descontrola.”
Ao longo do ensaio, Amora seleciona os melhores improvisos. “A Nina disse que na França tem o melhor curso de culinária do mundo. Como é mesmo o nome, Nina?”, pergunta a atriz-mirim Ana Karolina Lannes, a Ágata.
“Cordon Bleu”, responde Débora Falabella, a Nina, citando a escola parisiense de gastronomia. A pronúncia da atriz desencadeia os cacos.
“Candomblé?”, diz Adriana Esteves, aos risos. Amora se entusiasma e direciona o comentário: “Isso! Candomblé, Adauto!”. Além de trocar Cordon Bleu por candomblé, o ator Juliano Cazarré, o Adauto, balança as mãos sobre a cabeça como se estivesse incorporando um Orixá.
Murilo Benício conclui: “Tá a fim de aprender macumba, Nina? Candomblé?”. Amora se diverte. Agora está pronta para gravar.
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RAIO-X AMORA MAUTNER
RAIO-X AMORA MAUTNER
VIDA
Filha do cantor e compositor Jorge Mautner, nasceu no Rio, tem 37 anos e foi casada com o ator Marcos Palmeira, com quem tem uma filha
Filha do cantor e compositor Jorge Mautner, nasceu no Rio, tem 37 anos e foi casada com o ator Marcos Palmeira, com quem tem uma filha
CARREIRA
É a diretora de “Avenida Brasil”. Começou como assistente de direção, aos 19 anos. Passou a ser diretora em “O Cravo e a Rosa” (2000). Dirigiu também “Celebridade” (2003), “Paraíso Tropical” (2007), “Cama de Gato” (2009) e “Cordel Encantado” (2011), além das minisséries “Mad Maria” (2005) e “JK” (2006) e episódios de “As Cariocas” (2010).
É a diretora de “Avenida Brasil”. Começou como assistente de direção, aos 19 anos. Passou a ser diretora em “O Cravo e a Rosa” (2000). Dirigiu também “Celebridade” (2003), “Paraíso Tropical” (2007), “Cama de Gato” (2009) e “Cordel Encantado” (2011), além das minisséries “Mad Maria” (2005) e “JK” (2006) e episódios de “As Cariocas” (2010).
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